Presente em tudo, desde a tela do computador até componentes vitais em salas de cirurgia, o plástico é a personificação da adaptabilidade e inovação. Em 2022, a produção global de plásticos atingiu a marca impressionante de 400,3 milhões de toneladas, um número que atesta sua indispensabilidade.
A jornada do plástico, no entanto, é longa e fascinante, começando com uma necessidade: as bolas de bilhar.
No século XIX, itens de luxo e uso comum, como bolas de bilhar, eram feitos de marfim, o que gerava um alto custo e ameaçava a sobrevivência dos elefantes. Em 1860, uma empresa de Nova York ofereceu um prêmio de US$ 10 mil para quem encontrasse um substituto sintético para o marfim.
Este desafio deu o impulso que faltava para o metalurgista inglês Alexander Parkes, que já trabalhava na Parkesine, uma mistura de nitrato de celulose e solventes. Considerado o primeiro plástico semissintético, era frágil e caro. O inventor norte-americano John Wesley Hyatt aprimorou a fórmula, tornando-a moldável e mais viável, embora ainda semissintética.
O marco do primeiro polímero totalmente sintético veio no início do século XX, pelas mãos do químico industrial belga-americano Leo Hendrik Baekeland. Sua invenção, a Baquelite, era uma resina termofixa (que não pode ser derretida após a moldagem) formada a partir do fenol e do formaldeído. Resistente ao calor e com excelente isolamento elétrico, a Baquelite dominou os primeiros aparelhos eletrônicos, como telefones e rádios.
A indústria do plástico, no entanto, só ganharia um impulso massivo a partir da década de 1930, quando a produção a partir do petróleo se popularizou. A nafta, extraída do petróleo, tornou-se a principal matéria-prima para a fabricação de polímeros como poliestireno e PVC. Em 1938, a invenção do Nylon revolucionou a indústria têxtil e, pouco depois, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) elevou o plástico ao patamar de material estratégico, essencial em pára-quedas e cabos de radar.
O verdadeiro boom ocorreu no pós-guerra, com a produção em escala industrial facilitando a fabricação de uma vasta gama de bens de consumo. Produtos icônicos como os recipientes Tupperware e os blocos de montar Lego (antes feitos de madeira) passaram a ser feitos de plástico, transformando os hábitos de vida. A ascensão das embalagens descartáveis, alavancada pela expansão de supermercados, solidificou a onipresença do material.
Contudo, junto com a versatilidade, veio um desafio monumental: o descarte incorreto. A durabilidade que fez o plástico ser tão valioso é a mesma característica que o torna um problema ambiental significativo quando acaba em aterros sanitários ou na natureza.
Em resposta, a indústria tem voltado seu foco para a sustentabilidade. Um caminho é o desenvolvimento dos bioplásticos, feitos a partir de matérias-primas renováveis como milho e cana-de-açúcar.
O maior foco, porém, está na Economia Circular, um modelo que substitui o antigo padrão linear de “produzir, usar e descartar”. O objetivo é manter os materiais em uso pelo maior tempo possível através da reciclagem, reutilização e do ecodesign. Em 2022, cerca de 10% da produção global já vinha de fontes circulares (reciclagem e biomateriais), um índice que a indústria busca elevar ativamente com novas tecnologias e projetos, como os desenvolvidos no Brasil pela ABIPLAST.
O plástico continua a impulsionar a inovação em áreas críticas, como a medicina, com avanços que incluem o desenvolvimento de biomateriais para implantes neurológicos.
A história do plástico, portanto, é uma jornada contínua que reflete a capacidade humana de inovar. Sua próxima fase não é apenas sobre o que ele pode fazer, mas como ele pode fazer isso de forma mais inteligente e responsável com o planeta.
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