Um dos produtos químicos mais versáteis e conhecidos no mundo, a soda cáustica, ou hidróxido de sódio, passa por um momento de estagnação de investimentos no Brasil, com a produção local mantida, porém sem avanços há quase duas décadas.
Obtida pela eletrólise do sal comum, também conhecido como cloreto de sódio, a produção de soda é condicionada pela demanda de cloro, obtido simultaneamente. Por sua vez, a oferta de cloro depende da presença próxima da cadeia de PVC, ou pelo menos de seu primeiro intermédiario, o dicloroetano (DCE). Ou seja, é preciso contar com um suprimento adicional competitivo de etileno, algo díficil de obter hoje no Brasil, para viabilizar novas capacidades produtivas.
Existem outros usos para o cloro, como a fabricação de ácido clorídrico e hipoclorito de sódio, mas os volumes ficam muito abaixo da demanda de cadeia de PVC. Ao contrário da soda, o armazanamento do cloro, um gás venenoso, é muito caro e incoveniente, representando um risco excessivo. Sua transformação imediata em substâncias menos agressivas é fundamental.
“A capacidade produtiva do setor de cloro e soda no Brasil não cresce há mais de dez anos, porém a demanda local progride ano a ano, obrigando a aumentar a importação de soda”, comentou Milton do Rego, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) e também da Asociación Latinoamerica de la Industria del Cloro, Álcalis y Derivados (Clorosur). “Atualmente, a produção nacional supre metade do consumo local, exigindo importar o restante, observando que a indústria de cloro-soda no Brasil opera com aproximadamente 20% de capacidade ociosa.”
Como explicou Milton do Rego, enquanto o Brasil parou de ampliar sua produção, Estados Unidos, China e Japão mantêm cadeais produtivas sólidas para o consumo de clorados, especialmente de PVC. “Por isso, esses países têm excedentes importantes de soda cáustica para exportar”, ressaltou. Pela proximidade geográfica, os EUA são os maiores fornecedores de soda para o Brasil, especialmente para a região Norte, onde está a produção de alumínio e uma indústria de celulose.
Além disso, o presidente-executivo ressaltou que a situação atual do mercado de cloro-soda tem um comportamento cíclico, porém não tão marcante quanto o da indústria petroquímica, esta em fase de baixa com duração prevista até 2025. “A China produz praticamente a metade da oferta mundial de cloro-soda e ainda tem fábricas para começar operação em pouco tempo”, comentou. “A demanda de cloro por lá é firme, puxada pela construção civil que recentemente entrou em estagnação, e isso terá efeitos em toda a cadeia produtiva, muito embora os produtores chineses tenham o costume de manter a produção e aumentar a exportação de PVC escoar o excelente”, ressaltou.
Em suma, a ausência de investimentos na indústria nacional de PVC tem levado ao aumento das importações de soda cáustica no Brasil. Esse cenário apresenta desafios imediatos, mas também abre portas para oportunidades de desenvolvimento e inovação no setor industrial do país. A capacidade de enfrentar esses desafios e capitalizar essas oportunidades determinará o futuro do mercado de soda cáustica no Brasil.
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